segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Idiocracy

Por Luís XIV
Pelo jeito o mundo caminha mesmo para a multipolaridade, com a formação de zonas econômicas, oficiais ou não, mas ninguém sabe a velocidade em que isso vai ocorrer. Os EUA continuam com um peso muito grande na economia, e também nas relações geopolíticas, que vai perdurar por muito tempo. Aliás, há de se perguntar se é mesmo possível uma grande mudança na regulação financeira mundial, com a criação de uma instituição internacional com esse objetivo. A curto prazo não. Os estados, assim como de instituições como o FMI, enfrentam uma crise em um sistema financeiro gigante, com um poder de fogo (especulativo) muito maior. Os políticos, apesar da retórica, são impotentes para lidar com um real pânico na economia. O que a economia precisa não é de grandas mudanças, mas de estabilidade institucional, vista hoje pela teoria econômica como o principal motor do crescimento a longo prazo, ou do crescimento natural da economia. O OBama parece que vai dar conta do recado. Apesar de ele agora se confrontar com um duelo interno entre suas promessas de campanha e as necessidades reais (e duras) da economia, ele parece transmitir a mensagem que todos desejam: mudança, dinamismo da economia, calma para lidar com a crise econômicas e as guerras, além de uma boa dose de populismo político. Já em um livro da década de 70 cujo nome esqueci (...) dizia-se que nos tempos modernos de comunicação em massa em tempo real os gestos dos políticos são às vezes mais importantes que suas ações institucionais. Obama vai ser o presidente mais "pop-star" da história dos EUA. Se ele transmitir estabilidade nessa transição de um governo Bush desastroso, mas que de alguma forma conseguiu manter a economia em crescimento, está bem. Que logo ele mostre a cara do governo, e consiga balancear as expectativas com as possibilidades reais. Só espero que não estejamos caminhando para uma "idiocracy" (já viram esse filme?).

Muro de Berlim

Por Luís XIV
Agora já estão falando por aí que chegou o fim da "Era americana". Mas será que, mesmo que não sejam os Estados Unidos, o mundo comportará um novo "Império" ou liderança à moda do que já tivemos antes, ou o que é mais pertinente, será que o "american way of life" acabou, ou estamos cada vez mais cada vez mais buscando o "american dream"? Com certeza, a imagem de fartura e bonança dos americanos é um pouco constrastada com a pobreza que se espalha nos momentos de crise, mas isso ocorre desde 1929!! Não foram poucas as crises que os EUA passaram, e todas elas, inclusive as políticas, mostraram falhas em toda a objetividade técnica que se queria fazer imperar. Mas não são essas falhas, ou a perpepção delas para haver a possibilidade de resolução, o motor da sociedade americana, tanto no que diz respeito ao sistema político, a democracia, quanto em relação ao capitalismo? Os EUA não saem derrotado de um movimento de multipolarização do mundo, mas como o maior patrocinador disso. O que eu quero dizer é que a guerra fria acabou, e os EUA já venceram a guerra; hoje temos um mundo capitalista e globalizado, com alguns pontos de tensão, mas o mercado abrange todo o globo. Abrange Venezuela, Arábia Saudita, etc. O EUA perdem poder nesse momento apenas em parte. Na verdade, da década de 90 até hoje está sendo o período de menor poder dos EUA no mundo. Durante a guerra fria, as ações americanas eram sempre bem justificadas como uma guerra contra o comunismo, um mal bem visível representado pela URSS. Hoje os EUA não têm mais uma justificativa tão convincente, baseada em um estado de guerra constante, o que gerou um grande anti-americanismo. Bush até que tentou conferir mais poder para o estado através de um discurso contra o terror, que era muito mais monstruoso que o do anti-comunismo, pois poderia levar à supressão dos direitos de qualquer um. O terrorismo do qual Bush protegia a nação é aquele que ocorre SOBRE o terrítorio nacional, que pode matar qualquer um, uma paranóia completa; então todos são suspeitos e a segurança justifica os meios. Felizmente, a população americana reprovou essa tentativa desenfreada do governo Bush de conferir ao estado poderes extraordinários que não conferem com a realidade atual. As guerras desencadeadas pelo Bush revelam essa miopia sobre o mundo REAL, ou seja, sobre as finanças, as capacidades militares, os apoios políticos. E falando de superação dos problemas americanos, e mesmo que essa não tenha sido uma eleição com uma conotação racial, a eleição de Obama revela nas entrelinhas importantes mudanças que são na verdade essenciais para a democracia americana. Há 40 anos o mundo ficava perplexo com o radicalismo de certos grupos no fato do assassinato de Luther King. Aquilo parecia um entrave intransponível da sociedade americana. O que fica é a impressão que o EUA não gostam de rótulos...

ENTREVISTA: Slavoj Zizek

Análise da economia e da geopolítica O marxista lacaniano Slavoj Zizek faz uma análise econômica de primeira (nem tão marxista): http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=2393

Slavoj é um famoso filósofo atual. Ao analisar a crise econômica atual, ele demonstra um amplo olhar, inferindo que a crise é também geopolítica. Para ele, a sobrevivência do capitalismo, e da própria continuidade do crescimento, depende da capacidade de auto-justificação do sistema, inclusive por seu corpo técnico econômico. Afnal, é sabido que uma das falhas clássicas de mercado é justamente a "informação assimétrica". O sistema bancário é cheio de informações assimétricas, portanto, crises como essa não deveria ser tão surpreendente. Ele critica os políticos que tomam medidas quaisquer, mesmo que ineficientes, tentando sempre, e principalmente em momentos de crise como esse, justificar seus atos, como se estivessem a fazer favores para a sociedade. Esses políticos, que incluem os populistas latino-americanos, preferem que mantenham críticas sobre ele, e então mantenham a discussão sempre acesa, do que a apatia dos eleitores pragmáticos.